segunda-feira, 13 de abril de 2009

*Trabalho de português.

I. ORIGEM DA LÍNGUA PORTUGUESA

A língua portuguesa está intimamente relacionada com os acontecimentos históricos que se sucederam na Península Ibérica.

Pouco se sabe acerca dos povos que teriam habitado o solo peninsular antes da chegada dos romanos (séc. III a. C.). De entre esses faz-se referência aos iberos, aos celtas, aos fenícios, aos gregos e aos cartagineses.

A Península Hispânica fora habitada, em tempos muito remotos, pelos Iberos, povo agrícola e pacífico. Por volta do século VI antes de Cristo, este território fora invadido pelos Celtas, um povo turbulento e guerreiro. E a prolongada permanência provocou o cruzamento entre estes dois povos, dando origem à denominação de Celtiberos.

Depois, os Fenícios, os Gregos e os Cartagineses estabeleceram colónias comerciais em vários pontos da Península.

Como estes últimos pretendiam apoderar-se de todo o solo peninsular, os Celtiberos pediram socorro aos Romanos.

ROMANIZAÇÃO DA PENÍNSULA IBÉRICA

É assim que os Romanos invadem a Península, no século III antes de Cristo, com o intuito de travar a expansão dos Cartagineses, dado que estes constituíam uma séria ameaça ao domínio do mundo mediterrâneo pretendido por Roma.

Vencidos os Cartagineses, os Romanos acabaram por dominar toda a Península, tanto no aspecto político-militar quanto no aspecto cultural, nomeadamente no que respeita à língua. A civilização latina foi-se impondo através da abertura de escolas, da construção de estradas e de templos, pela incrementação do comércio, pelo serviço de correio, etc. Consequentemente, a sua língua, o Latim tornou-se indispensável e obrigatório, suplantando os idiomas já existentes.

Mas como é fácil prever, o Latim dos soldados romanos não era o mesmo dos escritores. Era o Latim usado pelo povo, chamado Latim Vulgar.

Já o povo peninsular se encontrava totalmente romanizado, quando, no século V da era cristã, a Península voltara a ser invadida e assolada, desta vez pelo povos bárbaros germanos (alanos, suevos, vândalos, visigodos), gente essencialmente guerreira e de cultura inferior à alcançada ao longo do processo de romanização. Daí que os bárbaros, apesar de vencedores, acabassem por adoptar a civilização e a língua latinas. Mas isto não impediu a dissolução da unidade política do império, uma vez que os bárbaros, basedos no pressuposto de que a instrução fragilizava o espírito bélico dos soldados, decretaram o encerramento das escolas.

Se este facto motivou o enfraquecimento da nobreza romana, somar-se-lhe-ia entretanto um outro que a condenaria ao seu desaparecimento: as letras latinas, preservadas e cultivadas no silêncio dos mosteiros, viriam a ser proibidas por um cristianismo radical e exacerbadamente purificador, por as considerar contaminadas pelo espírito pagão.

TRANSFORMAÇÃO DO LATIM VULGAR EM DIALECTO

À queda e fragmentação do Império Romano sucede-se a supressão dos elementos unificadores do idioma. Isto é, o Latim Vulgar, já substancialmente modificado pela acção do substrato linguístico peninsular, perde progressivamente terreno e desenvolve-se diferentemente em cada região. Isto equivalerá a dizer que o Latim vulgar se dialectou, sobretudo devido à invasão bárbaro-germânica.

Chegados ao século VII, os árabes, vindos do Norte de África, invadiram a Península. Como a sua cultura era superior à que o povo peninsular possuía, eles tentaram impor a sua língua como oficial. Porém, os habitantes da Península, sentindo as enormes oposições de raça, de língua e de religião que os separavam do povo vencedor, não aceitaram a sua civilização e continuaram a falar o "romance" (o Latim Vulgar, contaminado por diversos substratos). No entanto, algumas povoações acabaram por receber directamente a influência dos árabes, formando uma espécie de comunidades mistas, denominadas "moçárabes", mas mantendo independência quanto ao culto religioso.

Por estas razões se compreende que o povo árabe, cultural e civilizacionalmente superior, não tenha tido, ao longo dos mais de sete séculos de ocupação peninsular (expulsos em 1492, por Fernando de Aragão e Isabel de Castela), uma forte influência no tocante à língua portuguesa. A maioria dos vocábulos que o nosso idioma absorveu desse povo caracaterizam-se pelo prefixo AL, que corresponde ao artigo definido árabe, como documentam os seguintes exemplos: álgebra, algibeira, álcool, alcatifa, alface, algarismo, alfazema, alcachofra, almofada, alfinete, algema, algodão, alqueire, etc.

II. O DESPERTAR DA EMANCIPAÇÃO DA LÍNGUA PORTUGUESA

O processo de expulsão do povo árabe da Península foi longo e penoso. Nos finais do século XI, sob a bandeira de D. Afonso VI, rei de Leão e Castela, muitos fidalgos acorreram em auxílio do monarca para libertar o reino da presença do infiel. Entre eles destaca-se D. Henrique, conde de Borgonha, que, pelos serviços à coroa e à causa cristã, recebera em casamento a filha do rei, D. Tareja, e, por dote, o governo do Condado Portucalense, um pequeno território situado na costa ocidental da Península, entre os rios Douro e Minho.

D. Afonso Henriques, filho do conde D. Henrique, continuou a luta contra os mouros, pretendendo transformar o reino de Leão e Castela num estado independente. De entre os inúmeros combates, ganhou particular importância a batalha de Ourique, em 1139, quer pela vitória alcançada sobre os árabes, quer também pelo facto de os soldados, antes de se iniciar o combate, terem aclamado D. Afonso Henriques de rei de Portugal. Mas só em 1143 seria reconhecida a independência do Condado Portucalense e D. Afonso Henriques proclamado rei. E daqui nasceria Portugal.

Nessa região, onde fora fundada a monarquia portuguesa, falava-se um dialecto denominado galaico-português, expressão linguística comum à Galiza e Portugal. Mas, à medida que Portugal alargava os seus domínios para Sul, ia absorvendo os falares (ou romances) que aí existiam e, consequentemente, ia-se diferenciando do galego, até se constituirem como línguas independentes: o galego acabou por ser absorvido pela unidade castelhana, e o português, continuando a sua evolução, tornar-se-ia a língua de uma nação.

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